No dia 22 de julho 2013, a assembleia histórica que criou o então Conselho Regional de Assistência Social do Espírito Santo (CRAS-17ª Região), atualmente, Conselho Regional de Serviço Social do Espírito Santo (CRESS-17ª Região), completa 30 anos. O CRESS-17 foi atrás dessa história e realizou uma entrevista com Joana Nunes da Silva, primeira assistente social a assinar como presidente do Conselho da 17ª Região. Confira detalhes sobre a criação do Conselho em tempos de ditadura, e em que a Ufes era a única faculdade de Serviço Social no Estado
Joana mora em Vitória e acompanha as notícias do CRESS-17 pelo jornal da entidade
Em julho de 1983, uma assembleia criou o então Conselho Regional de Assistência Social do Espírito Santo – 17ª Região CRAS-17ª), atualmente, Conselho Regional de Serviço Social do Espírito Santo – 17ª Região (CRESS-17ª).
Nessa assembleia foi indicada uma diretoria provisória para assumir o Conselho recém-emancipado do, na época, CRAS 6ª Região – Minas Gerais. Essa comissão tinha como presidente a assistente social Joana Nunes da Silva e respondeu pela jurisdição do Espírito Santo até 02 de julho de 1984, quando foi empossada a primeira diretoria eleita para o Conselho no Estado por meio do voto direto.
Em 22 de julho 2013, essa assembleia histórica completa três décadas. O CRESS-17 foi atrás dessa história e realizou uma entrevista com a primeira assistente social que assinou como presidente do Conselho da 17ª Região.
Joana Nunes da Silva entrou para a delegacia (nome usado antes da emancipação) do Espírito Santo em 1979. Formada em Serviço Social, em 1975, pela Ufes, ela trabalhou no então Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) até se aposentar, em 1994.
Confira na entrevista mais informações sobre a criação do Conselho da 17ª Região em tempos de ditadura, e em que a Ufes era a única faculdade de Serviço Social no Estado:
1 – Como era ser uma delegacia do Conselho Regional de Minas Gerais?
Não tínhamos poder para nada. Abríamos um processo aqui, mandava para Belo Horizonte, mas não tinha retorno, mas a gente abria assim mesmo. Pagávamos anuidade normal, mesmo sendo delegacia, mas não participávamos da definição da anuidade.
2 – E a categoria pedia para emancipar?
Grande parte dos profissionais insistia, mas só seria possível com o contingente de 500 profissionais registrados na delegacia e em dia com a anuidade. Ele foi atingido com campanhas na universidade para que as pessoas não demorassem a se registrar no Conselho para conseguirmos fazer a emancipação. Ou íamos próximo à formatura de uma turma para falar isso. E na época era só a Ufes.
3 – Depois que vocês assumiram o Conselho, como gestão provisória, quais foram as medidas?
Convocamos imediatamente a eleição da diretoria. A equipe que assumiu tinha a entidade como um órgão totalmente fiscalizador, não é repressor, não é um sindicato.
Joana aponta a sua assinatura como presidente do Conselho na própria carteira profissional
4 – E como era a participação da categoria?
Todas as vezes que solicitávamos havia participação em massa da categoria sobre o assunto de criar o Conselho aqui.
5 – Quais eram as bandeiras de luta na época?
Uma era a contratação de novas profissionais. Nós queríamos mais profissionais, mas era na época da ditadura, não podíamos falar muito alto, muita gente foi presa, fichados no SNI (Serviço Nacional de Informações). Havia muita necessidade e poucos profissionais, as prefeituras e as escolas não tinham, e as escolas até hoje não tem. A ditadura foi brava. Cerceavam muito o trabalho de todo mundo. Todo mundo trabalhava com medo, qualquer deslize eles catavam. Na época houve um atrito de grande repercussão entre o governo e a categoria. As profissionais que estavam em serviço se colocaram em greve pelas 30 horas. O governo disse que quem não estivesse satisfeita seria demitida e outras assumiriam. Eu decretei que nenhuma profissional poderia assumir o lugar das outras. Fui aos jornais, falei que estava decidido que os profissionais que assumissem o lugar daquelas que estavam em demanda, o Conselho iria suspender o registro delas. O conselho de Minas Gerais me ligou e disse que não podia fazer isso. Fiz para ver se assustava porque a situação estava feia.
7 – Como era a relação com o CFESS na época?
O CFESS era muito atuante. E m todos os eventos do CFESS a delegacia estava presente, faziam questão, mas a gente ia naquela que a gente podia. Eles também vinham fazer vistorias e visitas.
Sentada ao centro e de saia, primeira presidente participa de um evento do CFESS
8 – Você acompanha o CRESS-17 hoje?
Eu me afastei muito de tudo devido a um problema de câncer. Eu recebo o jornal do CRESS. Gosto do jornal. Fico esperando para ler as notícias de ponta a ponta e concordo com muitos posicionamentos.
Fotos: Sérgio Cardoso.
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