“A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria” | CRESS-17

“A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria”

27/11/2013 as 3:19

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CRESS-17 marca presença em atividades do Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher

O Conselho Regional de Serviço Social do Espírito Santo/17ª Região (CRESS-17) participou das atividades realizadas pelo Fórum de Mulheres do Espírito Santo, no Centro de Vitória, nessa segunda-feira, 25, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher.

As conselheiras do CRESS-17 Nildete Turra e Camila Valadão marcaram presença no ato. Assistentes sociais da base e diversos movimentos e organizações sociais também participaram.

O dia de atividades começou bem cedo, com uma intervenção urbana na escadaria do Palácio Anchieta, onde foi usada tinta vermelha para lembrar sangue. O objetivo era chamar a atenção das pessoas para o ranking que aponta o Estado como o primeiro do Brasil em casos de violência contra as mulheres.

As atividades continuaram na Praça Costa Pereira, onde diversos cartazes e faixas com frases machistas foram pregados. Reportagens com casos de violência contra a mulher e calcinhas também foram espalhadas pela praça, chamando a atenção de quem passava.

O fórum ainda realizou uma simulação de um parto para denunciar a violência obstétrica contra as mulheres.

Clique aqui e confira as imagens.

CRESS na luta contra a violência

A assistente social de base Mariana Gava, que representou o CRESS-17 nas atividades, ressaltou a importância do Conselho participar dessa luta. Ela lembrou que a categoria de assistentes sociais é formada, majoritariamente, por mulheres que atendem, principalmente, outras mulheres.

“Diariamente atendemos mulheres vítimas de violência, atendemos crianças vítimas de violência, e temos que lidar e orientar essas mulheres todos os dias. Por isso que o CRESS se organiza no Fórum Estadual de Mulheres, pauta a luta contra o machismo, que está enraizado na nossa sociedade inteira, em várias formas ele se expressa. Na violência sexual, na violência física, na violência moral, na violência que a mídia impõe para gente quando usa nossos corpos, simplesmente, para vender uma cerveja. A violência contra a mulher está em todos os cantos, e é por isso que o CRESS também está nessa luta, para dizer um basta. Chega de violência contra a mulher”, enfatizou Mariana.

A assistente social e conselheira do CRESS-17 Camila Valadão, que também participou do ato, criticou a lentidão do governo em implementar ações em relação à situação de violência que atinge mulheres, negros e negras, crianças e adolescentes no Estado.

Camila ainda aproveitou para convocar as mulheres a também participarem das atividades da Semana Nacional de Direitos Humanos, com atividades a partir do dia 2 de dezembro.

Mais de 90 mil assassinatos

A senadora Ana Rita (PT) esteve no ato e expôs números que mostram a necessidade de todas as pessoas refletirem a situação das mulheres no Brasil.

“Só nos últimos 30 anos, mais de 93 mil mulheres foram assassinadas no nosso país, por vários tipos de violências, as quais as mulheres são submetidas, como física, sexual, moral, psicológica, patrimonial. Precisamos dar uma basta nisso. Tirar o Brasil do ranking de ser um dos países que mais comete violência contra as mulheres. É o oitavo país em homicídios contra as mulheres”, apontou a senadora.

Para ela, a violência é algo que precisa ser enfrentado com disposição e muita coragem. “É preciso que os poderes públicos federal, estaduais e municipais e todo o sistema de Justiça tenham uma atenção especial e atenta, compromissada contra a violência contra as mulheres”, cobrou Ana Rita.

Destaques negativos

O Estado do Espírito Santo – segundo do país em homicídios de negros, de acordo com o estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no dia 19 – também tem destaque negativo quando o assunto é violência as mulheres.

Segundo estudo preliminar do mesmo Ipea, a estimativa é de que, entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios, ou seja, “mortes de mulheres por conflito de gênero”, especialmente em casos de agressão perpetrada por parceiros íntimos. Esse número indica uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres.

A pesquisa Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil foi apresentada em setembro, na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.

De acordo com os dados do documento, o ES é o estado brasileiro com a maior taxa de feminicídios, 11,24 a cada 100 mil, seguido por Bahia (9,08) e Alagoas (8,84). A região com as piores taxas é o Nordeste, que apresentou 6,9 casos a cada 100 mil mulheres, no período analisado.

Realizada com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, a pesquisa inova em relação a estudos anteriores por incorporar duas etapas de correção, visando minimizar a subestimação dos feminicídios.

Homenagem

O 25 de novembro foi declarado como o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher no Primeiro Encontro Feminista da América Latina e Caribe, realizado na cidade de Bogotá em 1981. É uma homenagem a “Las Mariposas”, codinome utilizado em atividades clandestinas pelas irmãs Mirabal, heroínas da República Dominicana brutalmente assassinadas em 25 de novembro de 1960.

*Com informações do site do Ipea.

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