CRESS-ES Entrevista: avaliação do curso de formação do Projeto de Extensão CRESS/Lótus | CRESS-17

CRESS-ES Entrevista: avaliação do curso de formação do Projeto de Extensão CRESS/Lótus

22/12/2021 as 12:00

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O curso de formação “Os fundamentos do trabalho profissional do/a assistente social no Espírito Santo em tempos de pandemia por Covid-19” encerrou as atividades no último dia 08 de dezembro. Esse foi um dos resultados encontrados a partir do Projeto de Extensão “Os Fundamentos do Trabalho da/o Assistente Social no Espírito Santo”, parceria entre o Grupo de Pesquisa Lótus (Grupo de Estudos Fundamentos da Política Social e Serviço Social) – vinculado ao Departamento do curso de Serviço Social da UFES – e o CRESS-ES.

Ao todo, foram ofertadas 50 vagas, destinadas para profissionais: assistentes sociais inscritas/os e com registro ativo no CRESS-ES, que atuem ou tenham atuado nas políticas sociais da Seguridade Social no ano de 2020. O curso foi realizado totalmente de forma online em virtude da pandemia, com encontros quinzenais, feitos entre os meses de setembro e dezembro de 2021. Foram oferecidos quatro módulos, totalizando carga horária de 30 horas, sendo 12 horas com atividades assíncronas.

A formação contou com as facilitadoras Andréa Monteiro Dalton e Jeane Andreia Ferraz Silva, ambas professoras do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); e de Eblin Joseph Farage, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Por parte do CRESS-ES, a formação ainda contou com a contribuição da assistente social e agente fiscal, Sislene Pereira Gomes; e do assistente social e conselheiro do CRESS-ES, Carlos Augusto da Silva Costa, ambos integrantes da Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI).

Para esta entrevista, conversamos com a agente fiscal Sislene Gomes e, também, com a professora Andréa Dalton, atual coordenadora do Grupo Lótus, sobre a parceria realizada entre as duas instituições. Pedimos para que apontassem os aprendizados obtidos com a realização da formação e, ainda, o que podemos esperar como próximos passos do projeto de extensão. Boa leitura!

CRESS-ES >> Como você avalia essa parceria entre o Grupo Lótus e o CRESS-ES?

Sislene Gomes >> A parceria foi sem dúvida uma iniciativa muito acertada e expressa o compromisso ético-político com a profissão e com a defesa de uma universidade socialmente referenciada, por parte das docentes que apresentaram o projeto. Foi muito bem vinda a propositura por articular análises no campo da formação e da pesquisa sobre os fundamentos da profissão às demandas registradas na comissão de orientação e fiscalização-COFI em tempos de pandemia. O serviço social se insere na linha de frente das políticas sociais bastante demandado e, diante disso, é imprescindível nos apropriarmos dos elementos que revelam os desafios postos à profissão frente as transformações societais em curso, principalmente no mundo do trabalho. Alguns não são novos, como exemplo, as requisições institucionais indevidas densamente debatidas nos encontros.

Andréa Dalton >> Parcerias como essa mostram-se muito importantes e potentes e por isso, avaliamos muito positivamente. Alcançamos e realizamos um profícuo trabalho coletivo o que repercutiu no desenvolvimento do curso. A dinâmica e os conteúdos abordados foram ao encontro das demandas e anseios das/os participantes.

CRESS/ES >> Quais os principais aprendizados obtidos com a realização dessa formação?

S. G. >> A formação oportunizou um momento de troca muito profícua no que concerne à proposta de discussão coletiva dos fundamentos teóricos e metodológicos do serviço social. A condução pelas professoras do departamento de serviço social/Ufes, Andréa Dalton e Jeane Ferraz foi muito bem avaliada pelas/pelos presentes, no sentido proporcionarem, com maestria, um diálogo fraterno entre assistentes sociais, sobre o compromisso com a leitura crítica da totalidade da realidade social, sobretudo acerca do momento atual, à luz dos pressupostos sócio-históricos que constituem a profissão; as atribuições e competências previstas no aparato legal; a indispensável organização política da categoria e, nessa questão, contamos com a participação da assistente social convidada, professora da Universidade Federal Fluminense – UFF, Eblin Farage. Destaco a coerente escolha da vinculação ao método crítico dialético para as elaborações teóricas da formação e também a retomada da discussão sobre educação popular mediada pelo uso da obra da escritora Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo: diário de uma favelada. Esse recurso intertextual, via literatura, despertou reflexões sobre as realidades dos/das atendidos/as pelas/pelos assistentes sociais participantes.

O último encontro foi reservado à apresentação para os/às participantes de uma potente estratégia de fortalecimento da profissão que seria a elaboração do projeto de trabalho pelos assistentes em seus distintos espaços sócio-ocupacionais. Uma iniciativa que a COFI já vem incorporando às orientações como uma das alternativas ao enfrentamento da desvalorização e precarização que incide sobre o serviço social, sobretudo na atuação em políticas públicas. Foi bem recebido pelos/as participantes e nós que atuamos no conselho temos argumentado de que o projeto de trabalho pode sim ser um instrumento importante de negociação por melhores condições éticas e técnicas de trabalho na necessária demarcação da função social da profissão, a partir do que foi abordado na formação.

A. D. >> De fato, o aprendizado foi mútuo. Aprendemos sobre trabalho coletivo, aprendemos como o Serviço Social é uma categoria muito importante para o conjunto da classe trabalhadora. A cada relato, a cada experiência compartilhada e trabalhada a partir dos nossos fundamentos deram o ponto alto do curso. A orgânica vinculação entre a teoria e a prática à luz do nosso projeto. A quiçá de destacar um principal aprendizado, avalio que foi a validade e a atualidade do método para o exercício profissional.

CRESS/ES >> O que podemos aguardar como próximos passos dessa parceria?

S. G. >> Nessa primeira fase, a parceria Cress-Lótus dedicou-se a atender uma demanda cadente da categoria que seria a formação continuada. Ocorre que o conselho, enquanto autarquia, não tem competência legal-institucional de desempenhar, mas que pôde se concretizar por meio desse projeto com a UFES que, nesse sentido, possui essa função formativa e de produção de conhecimento científico. Os próximos passos serão direcionados à dimensão da pesquisa em serviço social onde iremos juntos, Conselho e Grupo de Estudos Lótus – por meio do tripé ensino, pesquisa e extensão – realizar análise da realidade do trabalho profissional no estado do Espírito Santo, a partir dos dados registrados na COFI. Essa segunda frente é também muito importante, pois o propósito é realizar reflexões cientificamente fundamentadas com vistas a subsidiar formulação de possíveis ações no estado em defesa do serviço social contemporâneo e seu projeto ético-político.

A. D. >> A parceria teve como proposta essencial, o movimento dialético e orgânico com as demandas da COFI e claro, da categoria. A realidade é muito dinâmica e será a partir dela que continuaremos. Na nossa reunião de equipe, avaliamos que para frente é importante pensarmos o lugar e papel de cada entidade nesse processo para melhor oferecer respostas à categoria.

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