
Em razão de sua grandeza natural, bioma de maior biodiversidade, maior floresta tropical do mundo, neste dia se celebra o Dia da Amazônia, em referência ao dia 5 de setembro de 1850, quando o Príncipe D. Pedro II decretou a criação da Província do Amazonas. Porém, nos indagamos: o que comemorar quando se tem um exponencial crescimento de desmatamento e um discurso favorável à mineração em terras indígenas?
A Amazônia brasileira é uma imensa sociodiversidade representada pelos povos originários que, desde o período colonial, sofrem com a violência histórica contra sua identidade e território. A demarcação de terras está cada vez mais voltada aos interesses econômicos, com apropriação de recursos naturais, como a exploração de madeira, de minérios e de toda biodiversidade.
Uma das falas que reafirmam a decadência histórica e de destruição da natureza se expressa na miséria dos anti-projetos da política ambiental brasileira, apresentadas pelo atual Ministro do Meio Ambiente: “Em um mês e meio à frente do ministério, ele declarou que mudanças climáticas são um tema ‘acadêmico’ e uma preocupação ‘para daqui a 500 anos’; defendeu plantações de soja transgênica em terras indígenas e a redução dos controles sobre agrotóxicos; disse que a culpa pelo aumento do desmatamento na Amazônia é da ‘pirotecnia’ da fiscalização ambiental; insinuou que conferências do clima só servem para bancar férias de luxo de funcionários públicos na Europa; e que ONGs fazem ‘terrorismo para vender palestra’ (ANGELO, 2019).
Nesse contexto geopolítico, os pobres são sujeitos e vítimas do processo de degradação ambiental, pois se observa ausência de condições materiais para pensar o futuro. Movidos pela sobrevivência imediata; esses, nessas condições, passam a utilizar mais intensamente os recursos naturais (SILVA, 2010). É interessante o exemplo de que, no contexto de desmatamento da Amazônia, quando as madeireiras são impedidas pelos órgãos fiscalizadores de operar, as cidades que dependem diretamente das madeireiras (que são as maiores geradoras de emprego na região) lutam contra a “natureza” e, em favor de sua existência material, são movidas a proteger o capital, indo às ruas protestar para que as madeireiras permaneçam no território, desenvolvendo suas atividades. Nessa lógica do valor, o trabalhador tem que lidar com as condições adversas do trabalho nesses territórios, a grilagem de terras e as violações dos direitos humanos.
Em termos gerais, os grandes empreendimentos mineradores, as indústrias madeireiras, o garimpo e a ineficiência das políticas de apoio à agricultura familiar continuam interagindo e criando um cenário onde se avolumam os problemas sociais e ambientais. Um novo desafio nesse cenário é a pandemia da Covid-19, que chegou nos territórios indígenas de forma avassaladora, e vidas estão sendo perdidas em um ritmo crescente, de acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que lançou o plano emergencial indígena de enfrentamento no país para minimizar os impactos da Covid-19 nos territórios. Foram aproximadamente 30 mil indígenas infectados, sendo mais de 700 mortos. Portanto, as populações que dependem diretamente do seu vínculo com a natureza, como as comunidades indígenas, estão resistindo diariamente contra a dominação, a exploração e a opressão.
Nesse contexto de barbárie, é crucial apontar que o momento da conjuntura econômica e social no país, diante da própria retórica trazida por quem governa, passa por um retrocesso, pois se observa a ausência de apoio aos órgãos de pesquisa destinados a preservar o meio ambiente, congelamento de gastos para estes, ataque as ONG’s que atuam nos territórios, criminalização dos movimentos sociais, aprovação de projeto de lei que defende o garimpo em terras indígenas e ausência de novas demarcações de terras indígenas.
Está nítido que a condição de colônia no país se perpetua, deixando rastros de cinzas das florestas e descaso com os povos originários que estão sendo ameaçados. Assim, a categoria de assistentes sociais precisa estar em articulação junto aos movimentos sociais, aos coletivos e às instituições que caminham na luta em defesa da vida e da natureza.
Texto: Angélica do Nascimento Martins, assistente social.
REFERÊNCIAS
ANGELO, Claudio. A ignorância de Ricardo Salles, Ministro do Meio Ambiente, sobre Chico Mendes. Época. São Paulo.15 de fev. 2019. Disponível em: < https://epoca.globo.com/a-ignorancia-de-ricardosalles-ministro-do-meio-ambiente-sobre-chico-mendes-23452042> Acesso em 23 de outubro de 2019.
HOMMA, Alfredo KingoOyama. Amazônia: como aproveitar os benefícios da destruição?. Estud. av. São Paulo, v. 19, n. 54, p. 115-135, Ago. 2005. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142005000200007>. Acesso em 03 de setembro de 2020.
SILVA, Maria das Graças e. Questão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: um desafio éticopolítico ao serviço social. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2010.
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