A assistente social Leila Cristina Marinho Cândido é a nossa terceira e última das entrevistadas para a série especial do CRESS/ES em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latina Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho.
Todas elas foram convidadas pela gestão “É preciso estar atenta e forte” para conversar sobre a importância dessa data entre outras questões, que envolvem as referências delas de mulheres negras, latinas e caribenhas e de como esse contexto contribui para o trabalho.
Confira as outras duas entrevistas:
Com a assistente social Alineane Barbosa Nascimento >> clique aqui
Com a assistente social Pollyana Tereza Ramos Pazolini >> clique aqui
Para Leila, que atualmente trabalha como chefe de Promoção da Igualdade Racial, na Casa dos Conselhos do Município de Vila Velha, a data celebrada no dia 25/07 “reforça a luta histórica das mulheres negras por sobrevivência em uma sociedade estruturalmente racista e machista”, lembrando que mais da metade da população brasileira é negra, e que essa “população, em especial as mulheres negras, protagoniza os piores indicadores sociais”.
Nossa convidada é pós-graduada em Terapia Familiar Sistêmica e em Políticas Públicas voltadas para Família, já tendo atuado profissionalmente na assistência básica, na área hospitalar, em Média Complexidade, além da experiência em docência. A conversa segue logo abaixo. Confira!
O que é ser uma mulher negra, latina e caribenha?
Resistir, construir e avançar são verbos que as mulheres negras carregam consigo historicamente. Da luta contra a escravidão aos tempos atuais, elas fazem a micro e macro política nas ruas e nas arenas públicas (OXFAM Brasil / 2020). Entretanto, ser uma mulher negra vai além dessas questões: é acordar todos os dias com a preocupação de sair de casa e voltar em segurança. É não se sentir a maior parte do tempo sozinha em suas lutas, suas dores. É compreender que gênero, raça, vulnerabilidade e risco social ainda compõem parte da maior parte dessa população, pois a sociedade é racista, patriarcal e a sensação é de nunca ter pertencimento.
Quais mulheres te ajudaram a construir essa referência ou quais são as referências para você quando pensa nessa mulher negra, latina e caribenha? E por que elas?
Pode parecer controverso: minha mãe era uma mulher negra, descendente de índio, que teve acesso apenas até a 4ª série do Ensino Fundamental. E em sua tentativa de me manter segura do racismo social, me ofereceu a oportunidade de estudar, com todo seu esforço diário que mal posso mensurar. Vê-la, após a morte do pai, sair todos os dias e deixar seus nove (09) filhos um a cada do outro, sendo eu a mais nova, me fez perceber desde muito cedo que ela lutava pela sobrevivência e não por uma existência plena.
Ao cursar o Serviço Social, foi como se um leque se abrisse: eu comecei a enxergar o que de fato era ser uma MULHER NEGRA, numa sala de aula onde tinham apenas “duas negras”, e fui impedida de ser a oradora da turma de forma bem sutil. Quanto a construir referências, tenho feito isso ao longo da minha jornada acadêmica, da minha jornada de vida com mulheres inteligentes e destemidas. Seria injusto citar nomes.
Essas referências também te acompanham e te ajudam a pensar e a realizar o trabalho de Assistente Social? De que forma?
Sem dúvida alguma, todos os dias. No trabalho desenvolvido por elas, no suporte, no apoio, na formação de grupo de apoio diário, na escuta, nas falas, no acolhimento nos momentos mais difíceis. E isso não tem valor a que eu possa atribuir. Talvez elas nem saibam, mas ainda são o motivo de eu existir e resistir.
O Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha traz quais significados para você?
Segundo OXFAM/Brasil, o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha reforça a luta histórica das mulheres negras por sobrevivência em uma sociedade estruturalmente racista e machista. Mais da metade da população brasileira é negra, segundo dados do IBGE. Porém, essa população, em especial as mulheres negras, protagoniza os piores indicadores sociais.
De acordo com o Atlas da Violência de 2019, 66% de todas as mulheres assassinadas no país naquele ano eram negras. Além disso, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, de acordo com a última Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE.
A pesquisa Coronavírus – Mães das Favelas, realizada pelo Data Favela e pelo Instituto Locomotiva, aponta que as favelas do Brasil têm 5,2 milhões de mães, em sua maioria mulheres negras. E 72% delas afirmam que a alimentação de sua família ficou prejudicada pela ausência de renda, durante o isolamento social. Além disso, 73% dizem que não têm nenhuma poupança que permita manter os gastos sem trabalhar por um dia que seja, e 92% dizem que terão dificuldade para comprar comida após um mês sem renda.
Por fim, nos dados da mesma pesquisa, oito a cada dez mulheres dizem que a renda já caiu por causa do coronavírus, e 76% relatam que, com os filhos em casa, sem ir para a escola, os gastos em casa já aumentaram. Dessa forma, como podemos falar em uma sociedade realmente democrática quando uma parcela tão significativa da população não tem garantidos seus direitos básicos à vida e a saúde?
E você também se enxerga como referência a outras mulheres?
Busco ser todos os dias. Tenho 45 anos e nunca tive o direito de me sentir confortável em tirar um tempo de descanso pra mim. É como se isso não nos pertencessem, como se não fossemos dignas, e sinto culpa até hoje quando tento fazer isso. Porém, tento mostrar às minhas sobrinhas que elas podem ser diferentes, podem ter direitos a passeios, a expressar seus pensamentos com atitudes coerentes e a construir histórias capazes de romper os ciclos de violências que muitas vezes vivenciamos cotidianamente.
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