Confira a avaliação do processo eleitoral do conjunto CFESS/CRESS feita por integrantes da chapa “Resistir para transformar” e pela representante do Espírito Santo na chapa eleita do CFESS “Tempo de luta e resistência”
Desde o dia 08 de dezembro iniciou-se o processo eleitoral do conjunto CFESS/CRESS para o triênio 2011-2014, com o objetivo de eleger Assistentes Sociais que se organizaram enquanto grupo político, no intuito de prosseguir com as ações e atribuições inerentes ao nosso Conselho de categoria profissional, o qual tem por premissa fundamental – conforme as demais autarquias públicas que se configuram em conselhos de categorias profissionais – defender, fiscalizar e normatizar sobre a nossa profissão. Processo que culminou com a apuração dos votos em 30 de março de 2011.
No CRESS 17ª Região/Espírito Santo apenas uma chapa se inscreveu – “Resistir para transformar”, cujas articulações, debates, construção de idéias coletivas e propostas iniciaram antes da data oficial do início do processo eleitoral. É importante aqui destacar que o processo de campanha não contou com qualquer contribuição financeira de entidades, empresas ou organizações, tendo sido custeado na íntegra pelos integrantes da chapa. Também cabe lembrar que, assim como os (as) Conselheiros (as) de todo o conjunto CFESS/CRESS não recebem qualquer remuneração ou dispensa dos respectivos trabalhos/empregos para contribuir com as ações do Conjunto, os (as) integrantes de uma chapa, em momento de campanha, continuam respondendo concomitantemente por todas as demais atividades do cotidiano profissional.
Após aproximadamente um mês de campanha, que contou com reuniões, construção de Programa para a Gestão, visitas às instituições empregadoras, emissão e divulgação de material impresso (via correio, on-line e pessoalmente) tivemos ao final da apuração das eleições (ocorridas em 23, 24 e 25 de março) a informação de ausência de quórum, assim como também ocorreu em outras regiões.
Cabe-nos então, uma avaliação desse processo eleitoral no ES, assim como da nossa participação nos diversos espaços de luta e espaços de construção coletiva.
O processo eleitoral conta com a votação dos (as) assistentes sociais que estão adimplentes, ou seja, aqueles que pagaram as anuidades até o ano anterior das eleições. Nesse caso, nessas eleições o quórum de 1/5, equivaleu a 474 assistentes sociais, do total de 2.372 votantes. Desses, votariam por correspondência 650 assistentes sociais que residem no interior, os demais, 1.722 assistentes sociais, deveriam votar na nova sede do CRESS 17ª Região/ES, por residirem na Grande Vitória.
Cabe destacar que dos votos válidos, que chegaram até o último dia das eleições, 159 votos foram do interior. Da Grande Vitória, que conta com o maior número de assistentes sociais, tivemos 253 votos. É, portanto, notório que, proporcionalmente obtivemos menor quantidade de participação no processo eleitoral na Grande Vitória.
Avaliamos tal fato considerando as particularidades daqueles três dias de março, nos quais tivemos intensa chuva na Grande Vitória, pistas interrompidas no Centro devido à realização de obras dificultando o acesso a nova sede do CRESS 17ª Região/ES, o desconhecimento do local da nova sede por muitos profissionais e a divulgação restrita do novo endereço.
Além dos fatores mencionados, particulares aos três dias das eleições, queremos ressaltar outros que para nós são os mais preocupantes. São aqueles associados ao atual momento histórico do capitalismo contemporâneo, que a nosso ver, influíram de forma decisiva no resultado da eleição.
Vivemos um momento caracterizado pelo enfraquecimento das lutas sociais e dos espaços de participação política/coletiva. Estamos imersos na avalanche da ideologia neoliberal que reforça a cultura do individualismo, que nos submete as mais precárias relações de trabalho, à execução de múltiplas atividades diárias, forçando-nos a ser polivalentes. Um período de formação de opinião pelos meios de comunicação em massa, que nos sucumbe às mais distorcidas informações, entendimento e interpretação/análise das relações sociais. Mesmo diante do aprofundamento das desigualdades sociais e da exacerbação do conflito capital/trabalho, presenciamos nesse momento histórico considerável apatia política.
Tais características do período atual estão presentes em todos os espaços nos quais nos inserimos, são reforçados intensamente nos espaços de trabalho, públicos e privados, nos canais televisivos mais assistidos do Brasil, nos jornais impressos e até mesmo em alguns canais de informação tidos como progressistas. E, exatamente por isso, são tão difíceis de enfrentar.
Diante disso, essa reflexão sobre o processo eleitoral está embasada não apenas nesse último, mas nos processos eleitorais anteriores, os quais atingiram apenas o quórum mínimo previsto. Por exemplo, as eleições da Gestão de 2008-2011 que tinha um quórum mínimo de 303 votos para validar o processo, contou com 312 votos, sendo que havia 1.515 profissionais aptos a votar.
Além disso, é importante lembrar que, com a ausência do quórum e a não validação do processo eleitoral, a categoria profissional, em Assembléia, deverá eleger uma Diretoria Provisória até a eleição em segunda convocação. A Diretoria Provisória funcionará com quórum mínimo de seis Conselheiros no CRESS e um suplente, o que possivelmente inviabilizará uma série de atividades atinentes ao Conselho.
Essa avaliação nos ajuda a reconhecermos os equívocos, os desafios e as perspectivas de mudança dessa realidade. Também consiste em um convite aos Assistentes Sociais do Espírito Santo para juntos (as) nos consolidarmos enquanto uma categoria profissional que se reconhece como parte da classe trabalhadora e que tem relevante papel a cumprir não só nos espaços de trabalho, mas também junto aos espaços de participação política tais como movimentos sociais, associações, partidos políticos, dentre outros.
Assim, fortalecer o espaço do CRESS 17ª Região/ES é defender a organização da nossa categoria da forma como esta se reconhece, enquanto trabalhadores. É defender a existência e fortalecimento de uma entidade onde ainda há muito a se construir e, quem pode e deve fazer isso somos nós – Assistentes Sociais atuantes no Espírito Santo.
Integrantes da chapa “Resistir para transformar”
Representante do Espírito Santo na chapa eleita do CFESS “Tempo de luta e resistência”
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