Importância desse trabalho, mas sem a perda da particularidade de cada profissão, foi a tônica nas discussões pela manhã
O segundo dia de trabalhos do I Encontro Estadual de Assistentes Sociais e Psicólogos da Área Sociojurídica reuniu mais de 300 pessoas nesta sexta-feira (22). O evento é uma realização conjunta do Conselho Regional de Serviço Social 17ª Região (Cress-17) e do Conselho Regional de Psicologia da 16ª Região/ES (CRP-16).
O Encontro aconteceu no auditório Manoel Vereza, no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), no campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória. Estudantes e profissionais participaram.
A mesa da manhã tratou do tema “Interdisciplinaridade e produção de documentos: implicações ético-políticas”. A primeira palestrante a falar foi Yolanda Aparecida Demetrio Guerra. Ela é assistente social, mestre e doutora em Serviço Social, Direitos e Políticas Sociais.
Yolanda destacou a importância do trabalho interdisciplinar na atuação dos profissionais, mas disse que esta unidade deve ser buscada sem a diluição das particularidades de cada profissional. “Há um anti-intelectualismo, um movimento de desprofissionalização, uma tendência de transferir as funções dos profissionais para máquinas, computadores e cartilhas mal feitas. No âmbito da Assistência esta questão é muito séria”, disse.
Ela acrescentou, entretanto, que a manutenção das particularidades de cada profissão não significa atuar com corporativismo, o que acaba por criar hierarquias de profissões. Para a palestrante é possível trabalhar de maneira interdisciplinar sem diluir e pasteurizar as particularidades de cada profissão. Caso contrário, esta perspectiva vai ficar apenas no discurso.
“O conhecimento está encharcado de valores. Queremos combinar movimentos. Trabalhar de maneira interdisciplinar não é apenas fazer intercâmbio entre profissionais, mas é superar a fragmentação. O trabalho nos humaniza e é aí que temos que buscar suprimir esta divisão. Neste campo vamos construir nossa identidade”, disse.
Definição e formação
Yolanda disse, ainda, que muitas funções e atividades são partilhadas entre as profissões e não apenas por assistentes sociais e psicólogos. Para ela, antes de iniciar um trabalho na perspectiva da saúde é preciso definir se o trabalho será no campo tutelar, liberal ou emancipatório. Sem esta questão bem definida não é possível fazer o trabalho.
“A formação é o parâmetro. Se ela é frouxa não vamos saber o nosso limite. Hoje tudo se flexibiliza. Currículos e até docentes em sala de aula. Isto é um risco”, disse.
Documentos
A segunda palestrante da manhã foi a psicóloga Alexandra Maria Roman. Ela é pós-graduada em Relações Humanas, especialista em Violência Doméstica pela USP e analista judiciária II em Psicologia e já atuou na Comissão de Ética do CRP.
Ela falou sobre a produção de documentos no contexto do Judiciário e lembrou que o trabalho do psicólogo nesta área é de auxílio às decisões judiciais, dando suporte aos juízes, ressaltando que estes pareceres tratam de seres humanos e de todas as complexidades que lhes são inerentes. Todos os pareceres são apresentados por meio de documentos.
“Trabalhar com psicologia no Judiciário não é fácil. A psicologia ficou no consultório durante muitos anos e só recentemente estes profissionais foram incluídos no desenvolvimento das políticas públicas. Os psicólogos precisam ficar atentos, pois os pareceres devem ser realizados de maneira correta, pois os problemas que resultam em processos disciplinares são resultado de documentos feitos sem cuidado”, disse.
Resolução
Ela informou que a resolução 07/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) regula a elaboração destes documentos e define também a sua modalidade, validade, guarda e outros aspectos. Para que sejam inquestionáveis, estes pareceres precisam conter fundamentação teórica, sem a necessidade de dissertar tudo sobre a teoria, tendo como princípio se fazer entender.
“Os relatórios precisam ser objetivos, mas não podem ser lacônicos. É preciso observar os princípios éticos do Conselho, citar as fontes do conteúdo, se foi feita uma entrevista, observações, dinâmicas e informações dos autos. Quando isso não acontece os advogados podem apontar falhas e isso pode resultar em denúncias e processos disciplinares no Conselho”, disse.
Ela acrescentou que no laudo psicológico é preciso ouvir todas as partes e se questionar, antes de utilizar determinado instrumento, tendo em mente que o documento deve apresentar as situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais pesquisadas no processo de avaliação psicológica do indivíduo em questão.
Além disso, lembrou que é preciso ficar atento à questão do sigilo profissional e que informações repassadas em entrevistas e que não tenham relação com o processo não devem ser reveladas nos pareceres para que não haja quebra de confiança.
Avaliação
A assistente social Valdenira Pereira Sobrinho, de Aracruz, disse que achou muito interessante a palestra de Yolanda Guerra, já que o trabalho interdisciplinar é um desafio colocado para os profissionais da área. Ela concorda que não se pode perder as competências do Serviço Social, mesmo em um trabalho polivalente, preservando a sua identidade profissional, e se pautando pelo Código de Ética, sempre fundamentando o trabalho nos principais autores.
A estudante de Serviço Social da Ufes Kátia de Oliveira Souza concorda. “Esta discussão contribui para a nossa formação. Precisamos saber conciliar o saber do outro com o nosso saber, mas atentos para que não percamos nossas particularidades”, disse.
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