A categoria de Assistentes Sociais do Espírito Santo esteve reunida, nesta terça-feira (17/05), para celebrar o Dia do/da Assistente Social, data celebrada no dia 15 de Maio. Com a presença das professoras Eblin Farage (UFF) e Maria Helena Elpídio (UFES), a mesa principal tratou sobre a importância da participação do Serviço Social nas lutas da classe trabalhadora.
Como o tema “O Serviço Social tem lado, o das trabalhadoras em suas múltiplas existências e opressões. Chega de ameaça às liberdades democráticas! Chega de ataques aos direitos trabalhistas e sociais”, tanto Farage quanto Elpídio fortaleceram os compromissos éticos e políticos da categoria, assim como apontaram os desafios vigentes para os próximos anos.
Durante sua apresentação, Farage reforçou que o Serviço Social tem lado, e exatamente por saber qual é o seu lado, o da classe trabalhadora, é inevitável que a categoria reconheça ser intolerante em relação com a real situação em que o Brasil se encontra. “E esse retrocesso em que estamos não começa com Bolsonaro, não começou em 2018. Toda essa violência exacerbada que toma conta hoje do nosso cotidiano, das nossas relações familiares, vem das raízes de um país escravocrata, machista, colonizado e capitalista. As ações do Bolsonaro vêm contribuir para manter e fortalecer uma ideologia de extrema direita”, enfatiza EblinFarage.
Em diálogo, Elpídio reforçou que o racismo, como elemento estrutural dessa sociedade e ao lado do machismo e do sexismo, contribuiu diretamente para transformar o ser humano em coisas, fortalecendo a exploração do capitalismo. “Nosso lado é o da classe trabalhadora, que tem cor, raça, etnia, território e gênero muito bem definidos”, pontua Maria Helena Elpídio.
E reconhecer que o lado do Serviço Social é o lado da classe trabalhadora, além de reafirmar as questões éticas e políticas da categoria, reafirma a identificação do inimigo principal: o capitalismo. “É fundamental reconhecer que, para nossa classe, nada menos do que tudo, nada menos que o melhor. Por isso é fundamental intolerar o retrocesso do Brasil”, argumentou Farage.
Para ela, essa etapa poderá contribuir diretamente no resgate e na visibilidade das/dos Assistentes Sociais. “O Governo de Bolsonaro prima pelo negacionismo, pela invisibilização dos números e, consequentemente, pela invisibilização das pessoas. Ao negar os dados ele também nega a existência de quem está por trás dos dados. Isso não é moralismo, é estratégia. E se assim seguirmos, nós, assistentes sociais, não sobreviveremos a mais quatro anos de extrema direita governando o país. Nossa categoria vem sendo invisibilizada e não pode aceitar mais isso”, defende EblinFarage.
E com um capitalismo em que muitos avaliam estar em crise, como levanta a professora Maria Helena Elpídio, faz-se necessário fortalecer as lutas em união para contra-atacar o inimigo em comum. “As ondas excessivas desse capitalismo em crise vão trazer, cada vez de forma mais perversa, um tempo que anuncia a sua morte e, consequentemente, a morte de milhares de trabalhadoras/es. Buscando sobreviver, o capitalismo mata o humano e a natureza; promovendo cada vez mais o desemprego, o processo de encarceramento, a fome, o extermínio da juventude negra e o feminicídio”, avalia Elpídio.
Com toda a classe trabalhadora sendo alvo desse mesmo inimigo, como lembra Farage, saber o lado em que se está também é saber com quem se vai dialogar e até onde negociar para se alcançar os objetivos em comum. “O nosso lado é o da classe trabalhadora. E a nossa luta não é, apenas, para impedir que o Serviço Social deixe de existir, em virtude das constantes ações de invisibilização promovidas pela extrema direita. Mas também é ao lado da classe trabalhadora para que tenhamos forças e sejamos capazes de reencantar o mundo, de reencontrar outras formas de viver este mundo”, argumenta EblinFarage.
Encontro Capixaba
O debate aconteceu no período da tarde desta terça-feira (17/05) e foi uma das atividades do XIII Encontro Capixaba de Assistentes Sociais, realizado na Assembleia Legislativa (Ales). Minutos antes do debate foi realizada a mesa de abertura, composta pela presidenta do CRESS/ES, Sabrina Moraes; pela professora Juliana Melim, representando a ABEPSS; e pela conselheira Emily Marques, representando o CFESS.
Mais cedo, entre 09h e 12h, foram oferecidas duas oficinas para a categoria. A Oficina 1 foi oferecida pelas mestras Meryeli Carvalho e Suellen Cruz, e tratou sobre a “Questão Racial e Serviço Social: caminhos para uma prática antirracista”. Já a Oficia 2 contou com a mestra MichelyMezadri e da Assistente Social e conselheira do CRESS/ES Carolina Brito de Oliveira. As duas falaram sobre “Serviço Social e Educação”.
Os certificados foram enviados para os e-mails dos participantes.
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