Leia o artigo sobre a violência contra a juventude capixaba, escrito pelo professor da Ufes e especiaIista em políticas públicas, Roberto Garcia Simões
São 9.081 cruzes de Joões, Marthas, Silvas que tombaram no Espírito Santo (ES), entre 1998 e 2008, no desabrochar de suas vidas – 15 a 24 anos: homicídios (6.979) e acidentes de trânsito (2.102).
Esse cemitério de jovens sepulta o Estado nas primeiras posições do “Mapa da Violência 2011” (Ministério da Justiça e Instituto Sangari). Que desenvolvimento é esse? É desolador constatar a vitória das mortes sobre vidas tão novas.
Como pai, compartilho a solidariedade fraterna com as famílias que sofrem a dor de enterrarem filhos na flor da idade. Como cidadão, reafirmo a indignação com o desequilíbrio entre a potência e a velocidade das mortes pelas drogas e trânsito e a tibieza associada ao atraso das ações para vivificar a juventude: educação e cultura, esporte, justiça, inclusão digital, segurança.
E, como professor, busco superar a banalização dos números decorrente da repetição silenciosa, acomodada, desse genocídio estadual de jovens de 15 a 24 anos. No obituário juvenil, é intolerável a posição do ES, pois assassina o “futuro” tão usado nos discursos.
a) É o único Estado onde a principal causa de óbitos juvenis em 2008, nas idades separadas entre 15 e 24 anos, foi homicídios; em Alagoas (AL), essa situação bárbara não aconteceu na idade de 15 anos. Isso não se verificou em nenhum outro Estado do Sudeste para as 10 idades consideradas. Drogas e tiros aterrorizam ainda mais juventude no ES.
b) A segunda maior taxa estadual de homicídios juvenil – 120 mortes a cada 100 mil jovens – ocorreu no ES, posicionado entre as de AL (125,3) e Pernambuco (PE) (106,1). A de Santa Catarina (SC), que dobrou entre 1998 e 2008, é quase cinco vezes menor (25,4). Já a do ES continuou elevada desde 1998 – e superou a de El Salvador, a maior do mundo: 105,6. Covas e caixões enterram também políticas vigentes para a juventude.
c) Na Grande Vitória há mais do que uma guerra civil de “gangues” de proporções cadavéricas. Em 2008, esta região metropolitana teve a maior taxa de homicídios de jovens em comparação com as nove maiores do Brasil: 188,4 por 100 mil jovens. A taxa da região metropolitana de São Paulo, no mesmo ano e faixa etária, é seis vezes menor. É a selvageria urbana reinando na Grande Vitória.
d) Em mais um féretro massacrante, a encantadora Vitória natural ficou, em 2008, entre as capitais, com a terceira maior taxa de homicídios de jovens: 181,9; acima estavam Maceió e Recife. Para que se possa ter uma ideia desse assombro, a Organização Mundial de Saúde considera que o crime se torna uma “epidemia” quando ultrapassa a marca de “10 casos por 100 mil indivíduos”. A maior epidemia da Grande Vitória, e do Brasil, continua sem ser tratada enquanto tal, sem “remédios” compatíveis.
O velório prossegue nos acidentes de trânsito. Nessa corrida mortal, eis as colocações na respectiva taxa por 100 mil habitantes, em 2008: a) ES, quinto lugar; Grande Vitória, segundo lugar entre nove regiões metropolitanas, e Vitória, a capital, em primeiro lugar. A impunidade continua vida nas ruas.
Passivamente, há uma década (1998-2008) a sociedade no ES assiste a 21 enterros semanais de jovens mortos por drogas-tiros e no trânsito. Triste, penso se essa mesma sociedade é capaz de gerar significados e espaços que propiciem a vida jovem.
Roberto Garcia Simões é professor da Ufes e especiaIista em políticas públicas.
E-mail: robertog@npd.ufes.br
*Fonte: A Gazeta de 09 de maio de 2011.
Na próxima segunda-feira, dia 30 de maio, o atendimento do CRESS-ES estará com período reduzido, funcionando das 12h às 14h. As/Os trabalhadoras/es do CRESS-ES farão uma reunião, neste dia, das 14h às 18h. Nos demais dias da semana (de terça à sexta), o atendimento presencial será realizado das 12h às 18h. Lembrando que os contatos […]
27/05/2022 as 2:51
A Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI) deliberou por manifestar-se quanto ao cumprimento da supervisão direta de estágio direcionada de maneira impositiva por gestores, sobretudo na política de assistência social. “Temos recebido queixas por parte da categoria sobre essa questão e é algo que traz muita apreensão para profissionais que já estão sobrecarregados ou mesmo […]
26/05/2022 as 7:00
O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) publicou, recentemente, a Resolução CFESS nº 992, de 22 de março de 2022, que estabelece normas vedando atos e condutas discriminatórias e/ou preconceituosas contra pessoas com deficiência no exercício profissional da/o Assistente Social. Tal conduta é válida tanto na relação com as/os usuários quanto com outras/os assistentes sociais […]
24/05/2022 as 7:00
O CRESS-ES comunica a toda categoria que não haverá expediente na próxima segunda-feira, dia 23 de maio, sendo decretado ponto facultativo pelo Governo do Espírito Santo. Os atendimentos serão retomados na terça, dia 24 de maio. Agradecemos a compreensão de todas/os!
20/05/2022 as 11:00