Especial Agenda 2022: planner, calendário e mais conteúdo para você, assistente social! | CRESS-17

Especial Agenda 2022: planner, calendário e mais conteúdo para você, assistente social!

10/12/2021 as 12:30

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Olá, assistente social!

Nesta página você confere os “extratos virtuais” da Agenda 2022 – Para inflamar nossa práxis da resistência! 

Pelo segundo ano consecutivo, produzimos esse conteúdo digital, uma extensão da nossa Agenda, como uma forma de socializar e ampliar o alcance do seu conteúdo! Nas palavras da poetisa Carolina Luisa Costa, “qualquer gesto é fósforo aceso”. Que este conteúdo provoque uma chama de esperança, de indignação, de reflexão. Que inflame a práxis da resistência!

Aqui você vai encontrar:

– O planner (planejador) mensal, que pode ser usado virtualmente ou impresso;

– Os fundos de tela mensais para seu computador, com o calendário de lutas do Serviço Social;

E extratos da agenda, como:

– Sugestões de material audiovisual;

– Entrevista Serviço Social e a questão Racial.

‘Planner’ (ou planejador) para imprimir

O ‘planner’, em arquivo PDF, possui 24 páginas coloridas no formato A4 (paisagem) e está pronto para ser impresso e utilizado. Possui os calendários mensais, de janeiro a dezembro, com espaços em branco nos dias, para agendar compromissos, tarefas etc. O documento traz também os textos, ilustrações e imagens que compõem as divisórias da Agenda 2022.

Baixe o e imprima o planejador (formato PDF)

‘Planner’ (ou planejador) para usar no computador

Caso não queira imprimir, você pode preencher o ‘planner’ no seu computador, que está em arquivo de Power Point. Basta preencher os campos de texto em aberto com seus compromissos diários.

Baixe o planejador para ser usado co comuptador (apresentação em slides/formato PPTX).

Dica: caso tenha uma conta do Google, você pode importar esse arquivo no Google Docs de Apresentação, e utilizá-lo on-line, como um planejador virtual. Para isso, siga os passos:

1. Salve o Planner no seu computador;

2. Abra o Google Docs Apresentação (https://docs.google.com/presentation/u/0/);

3. Crie uma nova apresentação (em branco);

4. No menu superior, vá em Arquivo/Configuração de Página/Personalizado, coloque as dimensões 29,7 x 21 cm e clique em aplicar;

5. Ainda no menu superior, vá em Arquivo/Importar slides, clique em upload e selecione o arquivo salvo. Selecione a opção tudo (para selecionar todos os slides); e

6. Apague a página em branco e pronto! Você poderá usá-lo on-line, preenchendo os campos vazios. Ele deve ficar assim: Planner Virtual 2022 Assistente Social

Card vermelho mostra tela de computador com uma imagem da agenda de fevereiro e o calendário, ambos para serem usados como fundo.

Fundos de tela com calendário

Você pode usar as imagens e os calendários da agenda para colorir a tela do seu computador. Tem uma imagem para cada mês.

Dica: Saiba como usar a imagem como fundo de tela!

1. Clique na imagem, use o botão direito do mouse para salvá-la no seu computador;

2. Com a imagem salva no seu computador, clique com o botão direita sobre o arquivo salvo e escolha a opção Definir a imagem como fundo de tela; e

3. Pronto, agora você tem o fundo de tela!

Janeiro 2022

Fevereiro 2022

Março 2022

Abril 2022

Maio 2022

Junho 2022

Julho 2022

Agosto 2022

Setembro 2022

Outubro 2022

Novembro 2022

Dezembro 2022

Sugestões de audiovisual

Hiato (documentário). Retrata um ato realizado pelo MTST em 2008 para dar visibilidade a condição das famílias pauperizadas

Ilha das Flores (documentário do diretor Jorge Furtado).

As Mulheres e o Cárcere (documentário da Pastoral Carcerária)

Olhos Azuis (documentário sobre questão racial)

Há, branco! Dá um tempo! Construindo espaço (mini-documentário) 

Filme M8 – Quando a morte socorre a vida (Diretor Jeferson De) Trata aspectos da estrutura racista da sociedade a partir da experiência de um estudante negro do curso de medicina.

ENTREVISTA ESPECIAL

O Serviço Social e o debate étnico-racial

A inserção da temática étnico-racial no debate da profissão ocorre ao final dos anos 1980, a partir do impulso das lutas do movimento negro e da intervenção política e teórica de professores/as de Serviço Social e de assistentes sociais, vinculados/as ao Movimento Negro. Era fundamental que o debate da questão social no Brasil ocorresse também na perspectiva da questão racial.

Ao longo de quase três décadas, a temática foi ganhando corpo na profissão, e se espraiou mais recentemente para o interior da categoria com a campanha Assistentes Sociais no Combate ao Racismo (2017-2020).

A seguir, você confere entrevistas com três assistentes sociais negras que, ao longo de suas vidas, estiveram ligadas à temática: a professora Magali Almeida, pesquisadora, professora UFBA e militante do movimento negro; e as assistentes sociais e conselheiras do CFESS Dácia Teles e Mauricleia Soares.

Magali, Dácia e Mauricleia

CFESS – Qual a sua caracterização sobre o racismo na sociedade brasileira atual e que consequências traz para a vida das mulheres negras, em particular?

Magali Almeida – O debate sobre as desigualdades sociais, econômicas e políticas no Brasil tem sido realizado sem considerar as assimetrias raciais e de gênero contidas internamente em nossa sociedade. Há uma ausência, um silenciamento naturalizado pela convicção de que no Brasil há racismo, mas não há racistas operando a violência discriminatória. O mito da democracia racial é acionado como justificativa.

Em minha opinião, a análise da questão social não pode ocorrer apartada da questão racial e do racismo como ideologia de dominação. A raça (como construção social do fenótipo) não é apenas um resquício da escravidão, mas um elemento fundamental da exploração de classe, da reprodução da desigualdade social e da divisão sexual e internacional do trabalho e sua refuncionalização opera na história.

A memória do tráfico transatlântico, que perdurou no Brasil durante quase 400 anos (o último país a abolir a escravidão nas Américas), deve ser mantida viva! Esse fato histórico, que acumulou riqueza e explorou e oprimiu corpos negros e indígenas e os gentrificou, conforme interesses da produção e reprodução social, foi considerado crime contra a humanidade em 2001, na Conferência de Durban (África do Sul). Homens, mulheres, crianças lotaram os porões dos negreiros, para alimentar o escravismo de africanas/os no Brasil. O empreendimento lusitano sequestrou para o Brasil em torno de 5 milhões de pessoas, de centenas de etnias africanas e, embora o regime escravo tenha findado formalmente em 1888, o Estado brasileiro não apresentou nenhuma política reparatória para a população negra e sequer garantiu direitos de cidadania no regime republicano. A memória da escravidão está viva nas mazelas experimentadas pela população negra até os dias de hoje. O estupro das mulheres negras, mas não exclusivamente; o trabalho extenuante na lavoura ou no trabalho de cuidado e de limpeza não pagos no escravismo perseverarão no trabalho assalariado, na divisão racial e sexual do trabalho livre, muitas vezes não pagos, como foi o caso do trabalho doméstico no Brasil.

As refrações da questão social que incidem sobre esta população têm suas raízes na escravidão e foram reconfiguradas no trabalho livre. A desigualdade racial entre negros/as e brancos/as no Brasil republicano não é, de modo algum, resquício da escravidão. Ao contrário, diz respeito ao padrão de relações sociais de dominação/opressão da extensa colonialidade do poder e do saber, que atravessa séculos de dominação mantida pelas classes dominantes e pelos/as intelectuais orgânicos/as a seu serviço. Engana-se quem crê que o capitalismo é capaz de humanizar e desatar os grilhões do colonialismo. A ideia de raça na Modernidade é central na forja de identidades inferiorizadas que, naturalizadas pelo poder dominante, cumprem a função demarcadora dos lugares sociais e de controle do trabalho. Logo, raça, gênero e divisão do trabalho se complementam dialeticamente no capitalismo.

Considero atual o debate sobre racismo patriarcal trazido por Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro e Luiza Bairros, desde o final dos anos de 1970. Sem dúvida, devemos lê-las com mais frequência e interesse e acionar suas formulações críticas sobre racismo e sexismo de forma interseccional, como tecnologias e racionalidades contra-hegemônicas constitutivas de experiências coletivas enquanto mulheres negrasamefricalatinas, em luta contra os efeitos discriminatórios desses eixos de subordinação em nossas vidas. Contudo, as mulheres negras têm sido o corpo abjeto no ordenamento da supremacia branca, do patriarcado e do trabalho assalariado na sociedade do capital. Durante a pandemia de covid-19, a maior incidência de morte em mulheres grávidas recai nas mulheres negras. Além disso, os piores postos de trabalho e com maiores chances de desproteção, a baixa escolaridade, a moradia precária em territórios de favela, a violência doméstica e obstétrica são expressões do racismo.

Dácia teles e Mauricleia Soares – O Brasil que existe hoje foi construído pelo suor, sangue e lágrimas de mais de 4 milhões de negros e negras escravizadas e sua descendência. No Brasil, o racismo é institucionalizado pelo Estado, pelos governos e pela burguesia brasileira, que tentam suavizar a realidade a partir da falácia da democracia racial e do embranquecimento da população brasileira.

O racismo está na base da formação do capitalismo brasileiro e os/as negros/as representam o setor mais explorado, sem contar seu peso numérico. Assim, é necessário entender que o racismo no Brasil serviu para violar os direitos da classe trabalhadora, e que o combate a essas violações requer o fim da propriedade privada, ou seja, uma luta que articule necessariamente as dimensões de raça e classe contra o capital.

A consequência dessa construção para as mulheres negras vem desde o sistema escravista. No sistema capitalista, o homem negro e a mulher negra, escravo/a, é propriedade da burguesia. Logo, não menos do que unidades de trabalho lucrativas, para os proprietários de escravos/as, as mulheres poderiam ser desprovidas de gênero.

Reconhecemos a luta de nossas ancestrais, que lutaram contra a escravidão e a violência, e não se dobraram nem se venderam diante dessa realidade. Esse sistema não pode ser “humanizado”, pois foi construído com a nossa escravidão e se mantém com nossa exploração. O estado e a burguesia se beneficiam dos baixos salários, do trabalho informal, do desemprego.

Nossa luta deve ser pela destruição do capitalismo e de todas as formas de opressão.

CFESS – Quais dificuldades centrais destacaria para o enfrentamento desse quadro e quais desafios teóricos, políticos e organizativos da luta contra o racismo na atualidade? Como o Serviço Social pode contribuir com essa luta?

Magali Almeida – Por um longo período de tempo, a academia brasileira não veiculou o ponto de vista teórico das/os intelectuais negras/os que apontavam para a crítica ao racismo e de seu caráter estrutural e estruturante das relações sociais, do trabalho e da formação da classe trabalhadora brasileira, como o fez, por exemplo, Clovis Moura, que deixou um legado importante para a luta anticapitalista, quando elabora a categoria práxis negra, por meio da qual alça a luta negra como luta de classes.

Em direção analítica similar, Guerreiro Ramos afirmava que as interpretações dos fenômenos sociais no Brasil, sobretudo o olhar desta sobre a condição do negro brasileiro, desconsidera a centralidade da raça na formação sócio-histórica brasileira, a escravidão e seus efeitos.

Temos um grande desafio no enfrentamento do racismo hoje, não apenas de ordem política, no que se refere à nossa organização enquanto classe que vive do trabalho, mas também teórico. Precisamos nos debruçar nos estudos sobre as vivas raízes eugênicas prevalecentes na atualidade. O tema só recentemente chamou a atenção do debate teórico do Serviço Social brasileiro, apesar de sua constituição na fundação da profissão. A eugenia não apenas mantém privilégios da branquidade, mas atinge e ordena a divisão racial e sexual do trabalho no capitalismo. É expressivo desse ordenamento a limpeza racial escancarada na “guerra às drogas”, das populações negra/indígena/refugiada que vivem nas ruas e do superencarceramento da população negra. Essa realidade indica quem serão nossas/os aliadas/os no atual contexto de desproteção do trabalho e recuo das entidades sindicais, na trincheira de luta nos próximos tempos. Como afirma Lélia Gonzalez, não haverá uma verdadeira democracia racial se a questão racial não for assumida pelo conjunto da sociedade brasileira e a/o negra/o não for incorporada/o na vida nacional em todos os sentidos e dimensões.

O Serviço Social precisa enfrentar a formação antirracista na perspectiva de totalidade social e feminista, na formação e no exercício profissional, sob pena de esse debate ser conduzido em uma perspectiva conservadora. Acredito que o grande desafio é o enfrentamento do mito da democracia racial e seu lugar de funcionalidade na reordenação da crise contemporânea do capital.

Dácia Teles e Mauricleia Soares – O pensamento liberal aqui estabelecido foi erguido contraditoriamente sobre o trabalho escravo, que alijou a população negra do acesso ao trabalho assalariado, à moradia, à saúde, à educação, à alimentação e demais direitos. Nossa herança vem do período escravocrata, constatamos na atualidade práticas discriminatórias e violentas, pois a formação econômica, social e política da classe trabalhadora brasileira tem sua base na escravidão.

A desigualdade social que atinge a classe trabalhadora, formada pela maioria de homens negros e mulheres negras, gerada pela má distribuição da renda, pela segregação e marginalização, é historicamente construída na sociedade.

A Constituição Federal de 1988 expressa que “Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Porém o abismo entre o texto legal e a realidade da maioria da população brasileira é abissal. A negação do direito à vida é uma tortura cotidiana na vida de brasileiros/as neste país. E quem é preta e pobre sente primeiro os cortes de direitos humanos e sociais. As oportunidades de “igualdade” inexistem e o acesso a bens e serviços não é o mesmo para toda a população. A pobreza tem relação com processos históricos que se influenciam reciprocamente – colonização, o regime escravocrata e o desenvolvimento econômico do país.

Para a superação imediata dessa situação, temos que fazer a defesa da unificação das lutas do movimento negro, com uma única pauta, exigindo reparações ao Estado, pois a escravidão deve ser entendida como um crime praticado contra a humanidade.  Reconhecê-la como um crime que violou massivamente os direitos humanos exige reparações imediatas.

Para um povo que teve uma das histórias mais heroicas do mundo e que sabe muito pouco sobre isso, a sua abnegação para lutar pelo socialismo pode ter como base de sustentação o resgate da sua herança histórica, alicerçada numa consciência de raça e classe, vivenciada nos Quilombos. Vamos aquilombar!

O Serviço Social brasileiro tem construído sua identidade profissional fundamentada hegemonicamente em uma perspectiva teórico-metodológica classista, comprometida com a defesa dos direitos da classe trabalhadora e com um projeto societário emancipador. Sabemos que é nosso dever ético o “empenho na eliminação de todas as formas de preconceito” e a “defesa intransigente dos direitos humanos, e a recusa do arbítrio e do autoritarismo”.

Nas nossas intervenções como assistentes sociais, para formular diretrizes, programas, projetos e ações, é necessário considerar a dimensão racial das demandas associadas aos serviços que, sabemos, muitas vezes sequer são percebidas pelos/as usuários/as, em função da ideologia da “democracia racial brasileira”, implementada pela burguesia.

 

Conteúdo: CFESS.

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