São Paulo sedia o 48º Encontro Descentralizado dos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) da Região Sudeste | CRESS-17

São Paulo sedia o 48º Encontro Descentralizado dos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) da Região Sudeste

01/08/2019 as 12:55

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O 48º Encontro Descentralizado dos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) da Região Sudeste reuniu no último fim de semana, na capital paulista, representantes dos Conselhos Regionais de Serviço Social de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e assistentes sociais eleitas/os em assembleia geral da categoria (em seus Conselhos Regionais) para a avaliação do triênio de gestão, a partir da agenda programática proposta em 2017.

O encontro como estratégia de fortalecimento

Dando início à programação do encontro, na sexta-feira, 26, a mesa de abertura do encontro foi transmitida ao vivo pela página do CRESS-SP, no Facebook, e deu as boas-vindas às delegações com as presenças de Terezinha Rodrigues, representante da ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social); Lucas Monteiro, da ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social);  Pollyana Tereza Ramos Pazolini, presidente do CRESS-ES;  Julia Maria Muniz Restori, presidente do CRESS-MG; Dácia Cristina Teles Costa, presidente do CRESS-RJ; Elaine Pelaez, representante do CFESS, e Kelly Rodrigues Melatti, presidente do CRESS-SP.

A pertinência da questão levantada pelo tema do encontro, a tarefa de pensar os desafios da conjuntura, o fortalecimento da categoria, a importância da defesa do projeto de profissão alinhada com as lutas das/dos trabalhadoras/es e de uma sociedade mais justa e fraterna, o que o Serviço Social tem para contribuir com o contexto social e para a construção de uma outra realidade, o projeto ético-político da profissão como uma construção coletiva e a “necessidade de resistir” frente a ataques, retrocessos e desmontes de direitos estiveram entre as principais reflexões da mesa.  “Parar para pensar sobre esse contexto é realmente uma forma de se fortalecer, de se alimentar para enfrentar essa conjuntura que vai exigir de nós uma capacidade incrível de atualizar as lutas, as estratégias, as formas de combate diante desse cenário inédito que se apresenta. A gente só vai conseguir criar força e enfrentar isso de forma radical, se entre nós, sujeitos do mesmo campo político de defesa da profissão, formos solidários e leves entre nós”, comenta Kelly Melatti.

Em sua fala, Lucas Monteiro, da ENESSO, ressaltou a importância da participação de estudantes do Serviço Social em espaços de formação política como o Encontro Descentralizado da Região Sudeste. “Visto que a ENESSO faz parte do projeto sociopolítico do Serviço Social e tem um caráter transitório, os estudantes que estão ocupando esses espaços logo vão frequentar outros espaços como o CRESS, CFESS, a ABEPSS, entre outros.”

Em seguida, o debate principal do dia, com o mote do evento — “No mar de lama, no calor do incêndio, na bala perdida: quanto vale a vida dos/as trabalhadores/as?” —, trouxe as perspectivas dos trabalhos desenvolvidos pelas Prof.as Dr.as Roberta Traspadini (UFES/ES), Adriana Dutra (UFF/RJ) e Damares Vicente (PUC/SP), e foi mediado por Leonardo Koury, da direção do CRESS-MG.

Roberta Traspadini propôs na sua palestra o desafio de se construir uma atuação do Serviço Social entre “fraturas e feituras” e trouxe, entre outros, reflexões sobre educação e “memoricídio”. Damares Vicente destacou informações atualizadas sobre o difícil contexto do trabalho no Sudeste e apontou a realidade de pobreza, violência e adoecimento das/dos trabalhadoras/trabalhadores do país, com a piora nas condições de trabalho e a perda de direitos. Para ela, as/os assistentes sociais devem preservar nas suas lutas, na sua resistência, ações baseadas em uma outra socialidade. Em sua apresentação, Adriana Dutra problematizou questões comuns às inúmeras tragédias ambientais e urbanas no Brasil, como as mais recentes no Sudeste, entre as quais a noção de “risco” e a banalização da vida das classes trabalhadoras.

“Essa variedade de acontecimentos está vinculada a uma estrutura desigual, a um sistema no qual sobra para a população mais pobre viver em determinados locais e conviver com esse chamado risco, que é um termo muito polêmico. Tudo isso tem a ver com a banalização da vida das classes trabalhadoras. A vida dessa população não importa dentro de um projeto que está voltado para o mercado, para o grande capital. Isso rebate diretamente no trabalho das/dos assistentes sociais”, avalia Adriana. A professora considera que espaços coletivos como o Encontro Descentralizado promovem a capacidade de análise crítica e de uma intervenção mais qualificada no trabalho. “Os encontros, a organização da categoria são também uma forma de resistir”, afirma Adriana.

Para Leonardo Koury, a mensagem principal do debate foi pensar a análise de conjuntura, principalmente as expressões da questão social nessa nova face do modelo capitalista. “Se pensarmos nos incêndios, nas desapropriações, migrações, são fatores que temos que enfrentar como assistentes sociais e como classe trabalhadora”, observa.

 

Desafios enfrentados e campanha contra o racismo para além das gestões

No sábado, 27/07, as gestões dos CRESS dos quatro estados apresentaram suas avaliações do triênio e debateram sobre as conquistas e os desafios enfrentados. Os procedimentos de inscrição no âmbito dos Conselhos também foi uma das pautas do evento. A dificuldade em relação à diversidade dos CRESS diante dos procedimentos necessários para a realização da inscrição bem como a dimensão da tarefa de padronização dos procedimentos com o tempo do Grupo de Trabalho e a conciliação com as demais tarefas do Conjunto CFESS/CRESS foram alguns dos pontos abordados durante a apresentação do CRESS-SP.

As atividades desenvolvidas durante a campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo” foram apresentadas por representantes de cada gestão estadual. Mesmo com as particularidades de cada estado, as ações foram realizadas com êxito. Uso de materiais da campanha, Cine CRESS, seminários, peças gráficas, publicações foram alguns dos recursos em comum utilizados pelos CRESS da região sudeste. Durante as apresentações, os profissionais ressaltaram a importância da campanha, as conquistas, os desafios e, sobretudo, a necessidade de continuar discutindo questões étnico-raciais com as/os assistentes sociais e com a população. “A campanha não se encerra aqui e deve ser base analítica para a construção de deliberações da Seguridade Social”, afirma Sabrina Moraes, do CRESS-ES.

Natalia Figueiredo, da direção do CRESS-RJ, destacou a importância de manter o diálogo sobre o racismo não só com a categoria de assistentes sociais, mas também com a população. Mauricleia Santos, conselheira do CFESS, afirma que a importância da campanha está no que está sendo desenvolvido e como ela está enraizada nos CRESS do Brasil a partir das atividades propostas. No entanto, ressalta a importância da continuidade da campanha e da discussão étnico-racial em outras esferas como, por exemplo, na Academia e em movimentos sociais.

O segundo dia do encontro foi encerrado com intervenções artísticas e com a roda de samba do grupo Samba Negras em Marcha.

Protesto e questões sobre planejamento no encerramento do encontro

O planejamento de ações do Conjunto CFESS/CRESS foi discussão para o último dia de evento, no domingo, 28/07. Para Francieli Borsato, representante do CFESS, o planejamento não pode ser colocado como uma questão finalística. “Não podemos fazer o planejamento por si só. É uma atividade meio que deve ser vista como caminho para chegar a um fim. O planejamento possui, assim como as demais ações administrativo-financeiras, uma função política que não pode ser perdida”, analisa, ressaltando, ainda, que é preciso pensar sobre a função do Conselho Fiscal e capacitar os profissionais, explicando a importância e as responsabilidades do cargo.

O CRESS-SP apresentou uma moção de repúdio contra o alinhamento dos atuais governos aos interesses da burguesia, as ações e os ataques feitos contra a democracia, que, consequentemente, afetam a classe trabalhadora.

No encerramento da programação, os representantes de cada estado e os membros das delegações compartilharam suas análises sobre o 48º Encontro Descentralizado da Região Sudeste. A importância dos temas abordados durante os debates, a metodologia de avaliação do triênio das gestões, a coletividade na construção do evento, a organização e receptividade da Comissão Organizadora e as atividades culturais foram alguns dos pontos positivos destacados pelas/os participantes.

Participando pela primeira vez, Cleidson Nazário, conselheiro do CRESS-ES, parabenizou o CRESS-SP pela organização do evento, pela metodologia pensada, pela agenda cultural e pela acolhida. “O debate proposto na mesa de conjuntura foi sobre uma temática muito pertinente e conseguimos reunir elementos para dar continuidade ao longo do trabalho. O tema perpassa os impactos que vivemos na gestão do trabalho, no nosso cotidiano profissional”, comenta. “Cada CRESS pôde apresentar sua realidade, o que estava proposto no plano de trabalho do triênio. Para quem participa pela primeira vez, dá uma visão interessante do que foi feito ao longo dos dois anos e meio de gestão. Foi um debate denso, mas qualitativo”, conclui Cleidson.

“O encontro selou um diálogo e uma construção coletiva de toda a região sudeste iniciados em 2017. Foi marcado de afetos e de muita coerência política, caminho construído ao longo dos anos pelas gestões. O evento foi um grande sucesso porque é um resultado de uma construção histórica entre os CRESS da região e o CFESS que se consolidou nesse momento oportuno aqui em São Paulo”, analisa Kelly Melatti. A presidente do CRESS-SP ressaltou a alegria de contribuir com o conjunto CFESS/CRESS, a possibilidade de ter colocado à disposição a experiência do CRESS-SP para os demais CRESS e a oportunidade de fazer uma análise interna dos desafios com contribuições de outras gestões.

O próximo Encontro Descentralizado dos CRESS da Região Sudeste será realizado em 2020, em Minas Gerais.

 

Texto e Imagens: CRESS-SP.
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